O Glossário Kink (Parte 2): Papéis, Posições e Dinâmicas de Poder
Bem-vindes ao laboratório. No nosso primeiro artigo do glossário, cobrimos os conceitos éticos fundamentais que formam o alicerce do universo Kink. Agora que entendemos a linguagem da segurança, vamos explorar a linguagem das pessoas.
As dinâmicas de poder (D/s) são o coração de muitas práticas BDSM. Elas são definidas por papéis claros, que vão muito além de simples estereótipos. Entender esses papéis é fundamental para encontrar o seu lugar e comunicar seus desejos.
Aqui está o guia de “quem é quem” no Kink Lab.
1. Top
Posição: O “Top” é a pessoa que está no controle físico ou psicológico da cena. É quem “faz a ação” – seja dar um comando, aplicar um golpe ou conduzir o cenário. Papel: É o fornecedor da ação, sinônimo comum para Dominador, Dominatrix ou Sádico.
2. Bottom
Posição: O “Bottom” é o receptor da ação. É quem se submete consensualmente, recebe o comando, a punição ou a sensação. Papel: Ocupa a posição de receptor na hierarquia da cena. Sinônimo comum para Submisso ou Masoquista.
3. Switch (ou Switcher)
Um “Switch” é um indivíduo que sente prazer em exercer ambos os papéis. É uma pessoa que pode atuar como Top em uma cena e como Bottom em outra, ou até mesmo trocar de papel no meio de uma sessão, dependendo do parceiro, do humor e da negociação.
4. Dom / Domme
Abreviação de Dominador(a), o papel central na dinâmica D/s. O “Dom” (geralmente masculino) ou “Domme” (geralmente feminino, pronunciado “Dóm-A”) é a pessoa que possui a autoridade consensual e estabelece as regras da dinâmica.
- Dominatrix: Refere-se especificamente a uma mulher Dominante que fornece serviços de dominação de forma profissional (cobrando dinheiro).
5. Sub (Submisso)
A pessoa que, voluntária e consensualmente, entrega o poder a outra em uma prática ou relacionamento BDSM. Ser submisso não é ser “fraco”; é um ato de imensa confiança e força, que exige a entrega do controle para atingir um estado de prazer ou satisfação.
6. Master / Mistress
Títulos de respeito usados para Dominantes em dinâmicas de poder mais formais ou de alta hierarquia. O uso de “Master” (Mestre) ou “Mistress” (Mestra) geralmente implica um nível mais profundo de comprometimento e uma troca de poder mais significativa do que uma dinâmica D/s casual.
7. Slave (Escravo)
Refere-se a um submisso que tem uma relação de longa duração, alto comprometimento e, muitas vezes, uma entrega de poder mais abrangente (ver TPE no próximo artigo) a um Master ou Mistress. Em muitas dinâmicas M/s (Master/slave), o slave é considerado “propriedade” simbólica ou literal do seu dominante, sempre dentro dos limites do consentimento.
8. Brat
Um arquétipo de submisso que sente prazer em desafiar, provocar ou desobedecer propositalmente as regras do Dominante. O objetivo do brat não é quebrar a dinâmica, mas sim “forçar” o Dom a aplicar a disciplina, que é a recompensa desejada. É um jogo de provocação consensual.
9. Painslut
Um termo afetuoso da comunidade para um Masoquista (Bottom) que tem uma alta tolerância ou um desejo particular por sensações de dor física, buscando-as ativamente para obter prazer.
10. Subspace / Domspace
Um estado mental alterado, ou “transe”, que pode ser alcançado durante uma cena intensa.
- Subspace: Ocorre com o submisso, geralmente pela liberação de endorfinas (causada por dor, restrição ou entrega psicológica). Causa uma sensação de euforia, leveza e perda da noção do tempo.
- Dom Drop / Sub Drop: Uma queda emocional (sentimentos de tristeza, ansiedade, culpa) que pode ocorrer após a cena, quando a adrenalina e as endorfinas diminuem. É um fenômeno fisiológico e psicológico normal, e é exatamente por isso que o Aftercare (que vimos na Parte 1) é tão vital.
Análise do Laboratório:
Os papéis no BDSM não são fixos e podem ser fluidos. O mais importante é encontrar a dinâmica e o título que façam sentido para você e seu parceiro, sempre com base na comunicação clara.
No nosso próximo post do glossário, exploraremos as Práticas e Fetiches específicos – o “o que” se faz no universo Kink.